Thiago Marques, atuário, MIBA 1507
Tel. (85) 9 9989 6546
A gestão de risco é negligenciada, quiçá ignorada, pelas autoridades públicas brasileiras.
As principais ideias sobre gestão de risco, a exemplo daquelas defendidas pelo escritor libanês Nassim Taleb, poderiam ser extremamente úteis no contexto das frequentes inundações que já vitimaram milhares de pessoas no Brasil.
A raridade de eventos extremos não implica na sua impossibilidade, eis a primeira lição a ser aprendida, disto decorre que os gestores de risco, a exemplo dos atuários, devem considerar cenários de risco muito além dos padrões históricos, que por mais extensos que sejam ainda constituem uma mísera amostra dentre muitas possíveis.
As realidades social e econômica caracterizam-se como sistemas complexos e, portanto, interdependentes e imprevisíveis. As inundações, por exemplo, podem causar danos em áreas distantes que dependam da mesma infraestrutura, como estradas, pontes e ferrovias. O gestor de risco, que pode ser um atuário, deve identificar as conexões e interdependências dos sistemas, permitindo um melhor planejamento para enfrentar tais contingências.
A ideia de que a resiliência é mais importante do que a previsão pode ajudar os gestores de risco a lidarem de forma mais eficiente com o impacto de eventuais inundações e deslizamentos de terra, pode-se concluir, a depender do caso concreto sob análise, que faz-se necessário maiores investimentos em infraestrutura devidamente, planejamento de emergência e medidas preventivas, como a criação de áreas de recuperação ambiental, o que inclusive pode exigir a desocupação de vastas áreas, medida evidentemente impopular.
A gestão de risco supõe planejamento, execução, monitoramento e correção.
O Brasil já vitimou milhares de pessoas pela ingerência do Poder Público, porque a gestão de riscos é ineficaz, especialmente quando relacionada a ocorrência de eventos extremos.
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