Tulio Pinheiro, atuário, MIBA 1626
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A gestão de recursos nos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) enfrenta um desafio intrínseco ao universo dos investimentos: a presença inevitável do componente aleatório! O presente artigo aborda como a aleatoriedade pode impactar os resultados dos gestores de fundos de investimentos e como os gestores de RPPS podem, portanto, diferenciar nestes a sorte da competência.
A aleatoriedade, por definição, é imprevisível e mutável. O gestor de fundos que confia na continuidade da sorte comete um gravíssimo erro estratégico, confiar na constância da sorte implica em ignorar a natureza volátil dos mercados financeiros, onde as condições externas e internas podem mudar drasticamente e sem qualquer aviso prévio. A aleatoriedade não premia méritos consistentemente, gestores diligentes podem enfrentar resultados adversos independentemente da sua gestão de excelência, enquanto maus gestores podem incorrer em ganhos significativos apesar dos seus erros de análise. O entendimento do papel da aleatoriedade é vital para a gestão de investimentos dos RPPS, porque todos os esforços e estratégias bem fundamentadas podem ser temporariamente ofuscados por eventos aleatórios. O gestor deve estar preparado para aceitar que, apesar de todas as precauções e análises, resultados negativos podem ocorrer sem razão aparente. Todos os gestores, independentemente da sua competência, estão sujeitos aos caprichos da aleatoriedade, sejam novatos ou veteranos. O gestor do RPPS, portanto, no processo de seleção de gestores de recursos não deve focar apenas no histórico de desempenho, principalmente se recente e de curto prazo, mas nos processos de análise e gestão de riscos.
O resultado dos gestores de fundos de investimento depende simultaneamente da capacidade de cada gestor e da aleatoriedade, contudo importa discernir quanto do desempenho é atribuído à competência e quanto é fruto da sorte ou azar. A Lei dos Grandes Números, um dos fundamentos da Estatística, indica que a média amostral se aproxima do verdadeiro valor esperado à medida que o número de observações aumenta, ou seja, em termos de gestão de fundos um longo histórico de desempenho reduz a influência do acaso sobre os resultados. Um gestor que consistentemente apresenta bons resultados provavelmente possui verdadeira habilidade, portanto é imprudente contratar gestores sem um histórico extenso. A consistência no desempenho é um forte indicador da capacidade dos gestores de fundos de investimentos, haja vista que ferramentas quantitativas de análise podem avaliar, sob alto grau de credibilidade, essa consistência. Se para um determinado grupo de gestores a probabilidade de superar o CDI em janelas de 12 meses for de aproximadamente 50%, não podemos confiar na sua capacidade, contudo, se para um outro grupo em janelas de 24 meses essa probabilidade for de 95%, podemos acreditar com baixíssima margem de erro que estes gestores são competentes. Esse tipo de análise revela que em períodos mais longos a consistência, se real, desvela-se como "evidente". A maioria dos grandes gestores, que passaram pelo teste do tempo, demonstram uma humildade intrínseca em relação à aleatoriedade, reconhecendo a imprevisibilidade do mercado e buscando aprimorar suas estratégias.
O gestor de RPPS no seu processo de seleção de fundos de investimentos deve considerara a dualidade entre aleatoriedade e capacidade, portanto não se deve avaliar apenas o histórico de desempenho, principalmente se de curto prazo, o processo de análise precisa considerar efetivamente as competências dos respectivos gestores.
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